| Chacina da Candelária - 1993. |
Rio de Janeiro, 23 de julho de 1993.
Wagner dos Santos, um lavador de carros de 22 anos, e mais dois amigos são sequestrados por dois homens, no banco de trás de um Chevette amarelo são levados até o aterro do Flamengo.
Os dois policiais queriam saber informações sobre o líder do grupo de meninos que vivia nas mediações da igrejada Candelária. O líder e outros menores eram acusados de apedrejar viaturas e assaltar pessoas que passavam por ali, resistiram à prisão alguns dias atrás.Wagner levou um tiro e desmaiou, horas depois acorda do lado do Museu de Arte Moderna, ao seu lado os corpos de seus amigos.
Infelizmente a noite estava só começando.
A chacina
Cinquenta crianças dormiam em frente à igreja, algumas com cobertores, outras em cima de jornais e papelão.
Por volta da meia noite alguns carros encostam próximo a igreja, dois Chevettes com as placas cobertas por saco de lixo, um táxi e outro carro mais comum.
Não houve tempo para nada a não ser uma atrocidade sem tamanho.
As crianças dormindo não perceberam o movimento dos carros e dos atiradores.
Os homens, alguns deles sem capuz, começaram a atirar sem a menor piedade, alguns menores correram, outros não tiveram tempo de reagir.
Sete deles dormiam em cima de uma banca de jornal, ficaram imóveis, já que ali a chance de serem vistos eram pequena, todos eles morreram com tiro na cabeça.
Os mortos
- Paulo Roberto de Oliveira, 11 anos
- Anderson de Oliveira Pereira, 13 anos
- Marcelo Cândido de Jesus, 14 anos
- Valdevino Miguel de Almeida, 14 anos
- "Gambazinho", 17 anos
- Leandro Santos da Conceição, 17 anos
- Paulo José da Silva, 18 anos
- Marcos Antônio Alves da Silva, 19 anos
O esquadrão da morte
Wagner dos Santos reconheceu seus agressores, o que ajudou a polícia no caso.
O ex-Policial Militar Marcus Vinícios Emmanuel, os Policiais Militares Cláudio dos Santos e Marcelo Cortes e o serralheiro Jurandir Gomes França. Os condenados foram:
Marcus Vinicius Borges Emmanuel, ex-Policial Militar – foi condenado a 309 anos de prisão em primeira instância. Recorreu à sentença e, num segundo
julgamento, foi condenado a 89 anos. Insatisfeito com o resultado, o Ministério Público pediu um novo julgamento e, em fevereiro de 2003, Emmanuel foi
condenado a 300 anos de prisão.
Nélson Oliveira dos Santos – foi condenado a 243 anos de prisão pelas mortes da chacina e a 18 anos por tentativa de assassinato de Santos. Recorreu a sentença, sendo absolvido pelas mortes em um segundo julgamento, mesmo após ter confessado o crime. O Ministério Público recorreu e, no ano de 2000, Nélson foi condenando a 27 anos de prisão pelas mortes e foi mantida a condenação por tentativa de assassinato, somando uma pena de 45 anos.
Marcos Aurélio Dias Alcântara – foi condenado a 204 anos de prisão, além de matar as crianças estuprou um adolescente.
Não foram condenados Arlindo Lisboa Afonso Júnior, que tinha em seu poder uma das armas do crime e Carlos Jorge Liaffa, reconhecido por um sobrevivente, além de a perícia comprovar que uma das cápsulas que atingiu umas das vítimas foi disparada pela arma de seu padrasto.
Depois da chacina
Wagner dos Santos sofreu um segundo atentado em 12 de setembro de 1994 na Estação Central do Brasil, por isso, entrou no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas.
Sandro Barbosa do Nascimento fica mundialmente reconhecido por sequestrar o ônibus 147, que mais tarde viraria um documentário de José Padilha e um filme de Bruno Barreto.
Em frente à igreja existe um monumento em memória aos assassinados, uma cruz de madeira com os nomes dos jovens mortos e um placa de concreto.
Assista
A CHACINA DA CANDELÁRIA
FONTES :
